quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Desabafo


Eu sei que parece ironia, mas é sério. Eu estava trabalhando até mais tarde ontem à noite, e quando cheguei a casa, vi um pedaço do Programa do Jô, com a presença das “meninas”. Depois, “zapeando” assisti um noticiário de outra emissora. Ainda na Internet eu vi mais algumas matérias jornalísticas. Gente! Quequiéisso! De Gaulle tinha total razão. N´est pas une pays serieux! Mas parece que tudo corrobora com ele. Não é mesmo um país sério. Ouvi ontem um festival de coisas que se juntas numa cesta, ficam parecendo o comercial de lançamento daquela minissérie Som&Fúria. Delírios e alucinações aglutinados com direito a horário nobre. A minissérie é ótima, mas os comerciais e “teasers” pareciam coisa de maluco!


Vamos lá: CPI da Petrobrás, 511 atos secretos no Senado, câmaras secretas com cama, DVD e tela plana LCD para fornicações amorosas, Sarney e Cia. em uma queda de braço dos coronéis partidários que não termina, mas enquanto isso a mulher de Sarney cai em casa no Maranhão e quebra o braço (simbologia da decadência?). Venda de passagens ilegais, nepotismo, a força de um oligarca medieval que se sustenta numa rede de intrigas onde ninguém é realmente inocente, e é essa gente que nos representa no senado, e que dá declarações pedindo a cabeça de um que é igualzinho a eles. De Renan Calheiros, passando por Sarney até José Dirceu, tá todo mundo bem comprometido. Salva ninguém!



Parei para pensar. De fato somos nós que colocamos essa gente lá, somos nós que assistimos boquiabertos os noticiários dos desmandos e atos impróprios dessa gente, somos nós que nos indignamos com essa falta de honestidade e respeito com a coisa pública, e conosco. Mas no fundo somos nós todos lá, fazendo isso, e reforçando isso com a nossa ilusória fantasia de democracia. E por falar em democracia, até o irmão do Fidel, ao dar uma paradinha em Salvador, como escala de viagem, foi contaminado por esse ar carnavalesco e festivo e foi dar uma voltinha com umas baianinhas do acarajé, pelas bandas do Bom Fim, louco para saber o que é que a baiana tem no tabuleiro e no rebolado dengoso de malemolência. Enquanto isso, a gripe vai crescendo, se expandindo, caso após caso, criando certa estabilidade de quem veio para ficar, como tudo de ruim que estão nos mandando, inclusive lixo tóxico e radioativo. Mas como somos um povo hospitaleiro, boa gente, gentis e alienados, vamos rindo da desgraça, da miséria dos outros sem ver a nossa, enquanto 90% dos jovens que vivem nas ruas de São Paulo se entregam ao Crack e outras drogas mais danosas, igualzinho vai acontecendo em outras capitais e cidades brasileiras nas mesmas proporções. A desigualdade social gerando essa escória desamparada. O narcotráfico em sociedade com a máfia das grandes lavagens de dinheiro, sempre dissimuladas pelas empresas multinacionais de fachada, apostam no fortalecimento do crime organizado, desde os presídios que se especializam como universidades e MBA do banditismo, até à favela onde a polícia acaba dividida entre fazer parte do esquema ou implantar seu próprio esquema, formando brigadas e grupos de vigilância que tentam competir pelo controle do mundo que se apóia no submundo. E numa "fazenda", confinados, a esposa de um Latino, latindo de desejo reprimido, para criar audiência se esfrega no amigo, mui amigo, que a estava azarando, louco para meter a espada na rosca exibidona dela. UFA! A galera adora!

Pensei que não ia conseguir parar. Parei. Deixei muita coisa de fora. Nos últimos dias, vejo circularem e-mails ironizando o bigode de Sarney, a figura do presidente Lula, um monte de piadinhas ridicularizando políticos, senado, câmaras, o judiciário e até a mentirosa aparente indignação dos políticos em relação ao que está sendo feito de podre. Dá-me nojo. Tá todo mundo podre. Ninguém está mesmo acreditando que vão fazer alguma coisa. Quase todos sonegam e se fazem de honestos. Quase todos querem uma bocada para se dar bem. Então, não esquenta! É normal! Ou é no mal?

Depois quando eu digo que começo a achar que se um maluco de um milico resolvesse desencadear uma revolta e tomasse o poder em nome de uma honra nacionalista perdida, e resolvesse passar todos esses escroques na guilhotina, eu certamente daria meu voto de apoio e me alistaria nas fileiras da limpeza “ética”. No fundo, tá faltando mais consistência e mão firme, mais vergonha e menos ilusão democrática. Será que as Farc nas repúblicas das bananas teriam razão de ser? Que bosta!Labi.

Are baba,baguan-kelie,a paciência também cansa,escrever já me cansa,trabalhar cansa,pensar tá me cansando,tentar entender o que acontece nesse país me cansa,essa democracia me cansa,falar me cansa,enfim, ultimamente até respirar me cansa.Não sei o porquê dessa canseira,mas vou dar uma pausa..

Um comentário:

flávia disse...

Há uma foto no excelente blog bootlead,é perfeita para minha vontade no momento.
http://bootlead.blogspot.com/